“The damage is done”. Esta curta frase explica muito bem o que o mercado está sentindo em relação à safra da Argentina. É consenso que a safra do país vizinho, que sofre com o clima, não atingirá seu potencial máximo neste ciclo por conta da seca que perdura desde o inverno passado (falase na pior seca em 30 anos), mas a pergunta de 1 milhão de dólares é: qual o tamanho da quebra? E esta pergunta vale tanto neste momento porque é impossível de ser respondida. Muitos produtores desistiram de plantar milho, já por causa da seca, e migrariam área para a soja, mas ninguém sabe ao certo quanto de área. Outra coisa, se a Argentina quebrar 3-5 mls de t mas o Brasil produzir 160 mls, ficaria meio que elas por elas. Além disso, falta cerca de 20% da área ainda a ser plantada na Argentina, ou seja, o clima vai interferir até abril por lá, por isso o mercado ainda não se convenceu de que é hora de disparar. Hoje o março subiu 8,00 centavos.
Ainda que o milho também esteja passando pelo mesmo estresse hídrico que já afeta a produção de soja na Argentina, o reflexo de tal fator sobre as cotações do cereal é bem mais ameno, e parte disso se deve ao fato de que a participação da América do Sul na produção global de milho é bem menor do que na soja, como volta e meia comentamos. Além disso, as exportações norte americanas estão bem abaixo da “meta” para atingir a projeção do USDA, sinalizando que podem sobrar mais estoques por lá, o que retira o entusiasmo altista do mercado. Hoje o março subiu 1,00 centavo.
Depois de acumular várias quedas seguidas o trigo encontrou suporte nas recompras técnicas e encerrou o pregão desta quarta-feira com bons ganhos nas bolsas dos EUA. Apenas “neste ano” o contrato de março em Chicago perdeu 8%, e se levarmos em conta o pico atingido em maio do ano passado, depois da invasão russa à Ucrânia, o tombo é de 43%. Por isso é natural que em determinado momento ocorram recompras técnicas, com investidores buscando “pechinchas”, nada além disso. Hoje o março subiu 9,00 centavos na CBOT e 10,50 em Kansas City.
